Paramilitares que agem na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, também impõem um pagamento sobre obras e reformas.

Milicianos que agem na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, passaram a cobrar uma taxa de quem pretende se mudar da região.

Há 2 anos, o RJ2 mostrou que os paramilitares exigiam valores mensais de pequenos comerciantes e de prestadores de serviço, como manicures. A quadrilha ainda impunha um “pedágio” para liberar produtos comprados pela internet — e retidos nas associações de moradores.

Agora, as cobranças aumentaram — para além da “mensalidade normal” de R$ 70.

“Se você vai vender a casa, que é sua, você tem que dar 20% para eles. Se eles souberem e não pegarem os 20%, quem comprou tem que pagar. Se você vai mudar, tem que pagar. É um tremendo absurdo, e a polícia não faz nada”, denuncia um morador.

“Eles tomaram a associação [de moradores]. A associação agora é deles. Cobram água, luz, bujão de gás”, emendou.

Há denúncias ainda de uma “taxa de reforma”. “O morador não consegue levantar um muro ou pintar a casa. Se eles virem, eles vêm e cobram.”

Em 2023, o RJ2 mostrou que vendedores de sacolé tinham de “contribuir” com a milícia; hoje, nem vassoureiros escapam.

“Tudo é cobrado: barraquinhas de cachorro-quente, essas coisas, R$ 50, R$ 80. Todos os comércios são cobrados. Até o vassoureiro. Cinquenta contos, meu irmão.”

A colônia tem ao todo 8 associações de moradores, que ficam nas localidades Dois Irmãos, Formigueiro, Centro da Colônia, Entre Rios, Associação do 15, Arco-Íris, Caminho da Cachoeira e Centro Histórico.

A região, segundo a polícia, é disputada entre milicianos e traficantes. No dia 12 de fevereiro, Fabio Paulo Ramalho, que era presidente da Associação de Moradores da Colônia, foi morto a tiros dentro da sede. De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios, Fabio estava envolvido na cobrança de taxas na região e foi vítima de um ataque de um grupo rival.

Também no mês passado, a polícia fez uma operação na localidade Dois Irmãos e prendeu 3 homens.

A Colônia Juliano Moreira fica numa área cercada de verde. No passado, ali funcionava um hospital psiquiátrico. Hoje é uma região residencial com 21 mil habitantes.

FONTE:  POR:  Filipe Brasil, Jefferson Monteiro, Bom Dia Rio     FOTO: REPRODUÇÃO