Equipe foi rebaixada na Superliga e está devendo três meses de salários
Diversas jogadoras que disputaram a Superliga pela Bluvolei estão entrando com processo na justiça por conta de salários atrasados. Na temporada 23/24, a equipe blumenauense jogou pela primeira vez a Superliga, mas foi rebaixada na penúltima colocação.
Em entrevista exclusiva, duas ex-jogadoras do Bluvolei, que não terão os nomes divulgados, revelaram os bastidores da temporada que enfrentaram, marcada por atrasos salariais, promessas vazias e a falta de apoio no momento mais crítico da carreira.
Desde o início da temporada, as atletas enfrentaram problemas com o pagamento de salários. “A gente só recebeu agosto e setembro corretamente, e depois começaram os atrasos”, relata. Em outubro, o clube atrasou os pagamentos por 6 a 7 dias, algo que, segundo a jogadora, já era considerado “normal” dentro do contexto de incerteza financeira. O clube, que dependia exclusivamente de um edital para custear suas operações, não tinha um plano B, o que, segundo a jogadora, foi o primeiro erro grave na gestão.
Com o passar dos meses, a situação se agravou. Os pagamentos começaram a ser feitos em parcelas que variavam entre 5% e 50% do valor devido, criando uma enorme instabilidade para as atletas.
Em dezembro, antes do recesso de Natal, o clube prometeu regularizar os salários atrasados antes das férias, mas novamente não cumpriu. As jogadoras também relatam que a bilheteria dos jogos foi prometida como forma de pagamento, mas apenas valores de um jogo foi repassado às atletas. “Na bilheteria contra o Praia Clube (partida disputada no dia 27 de janeiro deste ano), eles falaram que não poderiam nos pagar porque havia uma dívida do cartão de crédito”, conta.
Outra situação relatada é que, no início de fevereiro, uma das atletas sofreu uma grave lesão no ombro durante um treino em São Paulo e o clube de Blumenau não arcou com os custos. Além dos salários atrasados, a atleta precisou usar o próprio plano de saúde para realizar uma cirurgia e se recuperar.
Segundo as jogadoras, ainda restam três meses de salários atrasados, sendo fevereiro, março e abril.
Relato do presidente da Bluvolei
De acordo com o presidente da Bluvolei, Ruy Dornelles, a Fesporte publicou um edital no início da temporada passada oferecendo um aporte de R$ 1,5 milhão no clube. Porém, o edital foi cancelado durante o processo. “A partir daí começou a afetar a saúde financeira do clube, que ao longo dos seus 33 anos nunca tinha entrado em uma Superliga”, ressalta Ruy.
O presidente também diz que o setor juridíco da equipe está tentando encontrar alternativas para sanar as dívidas com as jogadoras que disputaram a Superliga.
“Com grandes dificuldades e ajuda de muitas mãos para cobrir os gastos, como viagens, translados, hospedagem, alimentação, fornecedores, taxas da Federação e salários das atletas e comissão técnica, conseguimos pagar 7 dos 10 salários. As dificuldades, devido ao final da Superliga e ao não atingirmos o que era esperado, foram enormes. O conselho fiscal e o jurídico estão trabalhando para encontrar alternativas internas e de gestão para sanarmos as dívidas caso a caso. Isso está sendo tratado internamente, dentro das possibilidades financeiras do clube. Nossos advogados estão trabalhando para tentarmos cumprir nossos compromissos dentro de nossas possibilidades.”
Bluvolei fora da Superliga B
Nesta terça-feira, 27, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBVconfirmou que a Bluvolei não disputará a Superliga B por conta de irregularidades financeiras.
Confira o que disse a CBV:
Bluvolei, 11º colocado na Superliga 2023/2024, não cumpriu requisitos de regularidade financeira estipulados no regulamento e não está apto a participar da competição. Para seu lugar, foi chamado o Irati Vôlei (PR), nono colocado da última Superliga B.